12 julho 2015

Seu sorriso...

Era um final de Outubro, o dia se punha e a noite subia aos céus. Em minha cabeça, nada passava além da minha pequena preocupação de terminar meu curso de mestrado e as tarefas que teria para fazer no dia seguinte. Nesta mesma época, lembro que havia terminado um relacionamento curto, mas que ainda mexia no meu ser. Dentro desse pequeno confinamento que me encontrava, lembro que buscava em um aplicativo, mulheres atrás de mulheres, em busca de algo que saciasse o vazio que estava sentindo naquele momento. 

Passei alguns minutos aceitando algumas possíveis combinações de tal aplicativo até me deparar com um sorriso que muito me atraiu. Essa tal mulher, que até então, não tinha ligação nenhuma, me atraiu com o seu sorriso que era dado de uma maneira espontânea e que em algumas fotos me parecia um tanto misteriosa em outras. A imagem dela me fez acordar desta pequena sonolência que a vida nos traz quando vivemos nas nossas rotinas insatisfeitas, como se um véu nos cobrisse os olhos para que não víssemos adiante. Por alguma razão, esse sorriso teve por encanto rasgar este véu e me mostrar uma pessoa que talvez pudesse ser interessante. Assim, vi que havia deixado seu número de celular em sua descrição, peguei um papel e anotei o mais rápido que pude, salvando juntos, as fotos que continham esse tal sorriso. 

Passado algumas horas, olho para sua foto novamente e começo a imaginar quem seria ela e o que faria com tal aplicativo? Será que seria apenas mais uma mulher em busca de algo apenas casual e de uma só noite? Seria talvez alguém que pôs o seu número em busca de uma amizade ou contatos para um outro propósito? Ou seria alguém como eu, vazio em busca de algo que possa completar... São tantos os pensamentos sobre tal pessoa, todas estas geradas por causa deste sorriso que de tal beleza passa a me atormentar, me viciando a olhar a todo momento sua foto no celular. Essas coisas, nem sempre dizemos aos amigos ou pessoas mais íntimas, essas loucuras em que nos prendemos e nos fazem ainda dizer humanos normais para a sociedade. Mas estas loucuras é o que nos torna sãos o suficiente para que possamos viver mais adocicadamente o amargo da rotina de nossas vidas. 

Passado alguns dias, eu olho novamente para a foto dessa mulher com sorriso ao qual ainda me esgueirava os pensamentos. Com seu número anotado no meu celular, penso se devo entrar em contato com esta e quebrar toda a imagem e perfil que havia criado sobre ela, ou se mantenho ainda que seguro, este pequena criação de personagem a qual criei sobre ela.... Sem sono e com os sonhos apagados, decido mandar uma mensagem para tal mulher. Neste momento, tudo na minha vida mudou, tudo o que criei, desapareceu e tomou o lugar a imagem do real. De uma simples foto, se tornou a mulher a quem eu seguro nos meus braços e tomo para lhe dar um beijo. Uma foto. Um sorriso. Um corpo mais não vazio, mas dois corpos cheios.